31 de mar. de 2012

31 de Março de 1964 - O dia que só terminou em 1985

Há 48 anos os militares davam um golpe contra o seu próprio povo e iniciavam com este ato um período negro na história do nosso país. Para muitos, esse é um dia que demorou 21 anos para terminar.

Durante este período surgiram no cenário nacional artistas de raro talento e que através de suas músicas, conseguiam driblar a censura e criar verdadeiros hinos contra a ditadura.

Pra mim, hoje não tem nada a ser comemorado. Mas, homenageando a luta da classe artística brasileira deste período, deixo um desses hinos para que a luta e força do povo brasileiro nunca sejam esquecidas.

A, nas postagens futuras, trataremos mais a fundo esse período único da música brasileira.

Abraços,

Ditadura nunca mais! 


Nome: Cálice:
Compositor: Chico Buarque
Vídeo:

Letra: 




Pai! Afasta de mim esse cálice

Pai! Afasta de mim esse cálice

Pai! Afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga

Tragar a dor e engolir a labuta?

Mesmo calada a boca resta o peito

Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

( Refrão)


Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
( Refrão)
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)

De muito usada a faca já não corta

Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)

Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

( Refrão)
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)

Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)

Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)

Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)

Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)




22 de mar. de 2012

Jorge Ben - 70 anos


Introdução: E aí pessoal?  Depois que o período letivo começou está bem complicado conseguir manter uma data certa para escrever aqui no blog. Mas, sempre que for possível, escreverei.
Resolvi interromper novamente a ordem cronológica do blog e falar um pouco sobre um dos maiores compositores de todos os tempos e sem dúvidas nenhum, o meu preferido: Jorge Ben. Mas, como estou sem tempo, li uma ótima reportagem da revista Rolling Stone aqui na net e dada a importância da data e informações contidas, achei melhor compartilhar com vocês!

Jorge Ben Jor completa 70 anos nesta quinta, 22

Responsável por grandes clássicos da MPB, Ben Jor criou o samba-rock, incorporou ritmos africanos e temas esotéricos à sua música e influenciou diversos dos artistas brasileiros que viriam a seguir 


Jorge Duílio Lima Meneses nasceu em 22 de março de 1942, no Rio de Janeiro. Desde pequeno, absorveu as influências culturais africanas que recebeu de sua mãe, Silvia Saint, de descendência etíope. Com o gosto mesclado ao amor pela bossa nova e pelo samba, desde os treze anos o menino Jorge já batucava seu pandeiro, e logo entrou para o coral da igreja.
Aos 18, comprou o primeiro violão e começou a tocar em bailes no início da década de 60, com o nome artístico Jorge Ben (ele acrescentou o Jor em 1989, após confusões de nome com o cantor George Benson). Mas foi no Beco das Garrafas, boêmia travessa do bairro de Copacabana, que ele começou a jornada rumo ao sucesso.
As primeiras execuções de “Mas Que Nada” foram ouvidas nas casas noturnas do local, antes mesmo que seu debute Samba Esquema Novo (1963) chegasse às lojas. Lá, um executivo da gravadora Philips o ouviu e o contratou, lançando em seguida um compacto com a música “Por Causa de Você”. Já no LP, estavam presentes outros clássicos do repertório de Ben, como “Chove Chuva”, “Balança Pema” e “Menina Bonita Não Chora”, que influenciariam muitos dos artistas brasileiros de MPB que viessem a seguir.
A batida inusitada de violão que Ben tocava – uma mistura entre o samba e o rock, gênero com o qual ele também trabalhou na sua época de bailes – gerou repercussão entre os críticos da época, que elogiavam a singularidade nas composições do carioca. Os álbuns seguintes trariam ainda músicas como “Anjo Azul” e “A Princesa e O Plebeu”, que começavam a exaltar a ligação de Ben com temas místicos e históricos, algo que seria melhor explorado em sua obra posteriomente.
Na segunda metade dos anos 60, vieram as primeiras parcerias de peso. “Menina Gata Augusta”, canção composta por Jorge Ben e Erasmo Carlos na época em que ambos moravam em São Paulo, foi incluída no álbum O Bidú: Silêncio No Brooklin (1967), em que Ben teve como banda de apoio o grupo carioca The Fevers, em atividade desde 1964. “A Minha Menina”, clássico do repertório dos Mutantes, foi cedida por Ben para o disco de estreia da banda, e “Queremos Guerra”, uma parceria com Gilberto Gil, lançada como compacto em 1968.
Em 1969, veio Jorge Ben, disco que marcaria o início da chamada “fase esotérica” do cantor, que é considerada uma de suas mais aclamadas musicalmente. “Take It Easy My Brother Charles”, “Bebete Vãobora” e uma de suas canções mais famosas, “País Tropical”, figuram no repertório do álbum arranjado pelo maestro Rogério Duprat. A capa do disco, desenhada pelo artista plástico Albery, também exibe uma das (muitas) demonstrações de amor que Ben viria a fazer pelo Flamengo – seu time do coração, no qual chegou, quando adolescente – na carreira.
Apesar de nunca ter se enquadrado em nenhum movimento musical da época, Ben Jor chegou a participar de programas de TV como Jovem Guarda e O Fino da Bossa, apresentados por Roberto Carlos e Elis Regina ao lado de Jair Rodrigues, respectivamente. Também foi associado ao movimento do Tropicalismo, apesar de nunca ter se assumido um tropicalista. “Jorge Ben, sem criar uma ‘fusão’ artificiosa e homogeneizante, apresentava um som de marca forte, original, pegando o corpo de questões que nos interessava atacar, pelo outro extremo, o do tratamento final, enquanto nós chegávamos a soluções variadas e tateantemente incompletas nesse campo”, escreveu Caetano Veloso sobre a diferença entre Ben e os tropicalistas, em seu livro Verdade Tropical (1997).
No começo da década de 70, vieram novas canções, como “Fio Maravilha”, “Oba, Lá Vem Ela”, “Que Maravilha”, “O Telefone Tocou Novamente”, “Porque É Proibido Pisar Na Grama” e a exaltação “Negro É Lindo”, músicas que seriam reinterpretadas no futuro por nomes como Wilson Simonal, Charlie Brown Jr. e Cidade Negra, entre tantos outros. “Taj Mahal”, um dos maiores clássicos de Ben, surgiu da paixão do cantor pela literatura. “A história do Taj Mahal é linda, na Índia”, disse ele em entrevista à revista Trip, em 2009. “O príncipe Xá-Jehan era persa, na época em que a Pérsia dominava. E ele casou com Nunts Mahal, devia gostar muito dela, porque tiveram 14 filhos e ele ainda contratou os melhores artesãos turcos e italianos para fazer aquele palácio maravilhoso de pedras preciosas, o Taj Mahal.”
A Tábua de Esmeralda, lançado em 1974, foi um disco que o próprio Ben classificou como “alquimia musical”. “Os Alquimistas Estão Chegando”, com versos como “executam segundo as regras herméticas/ desde a trituração, a fixação, a destilação e a coagulação”, acabou representando uma guinada no estilo lírico do cantor, que levava a influência de livros como Eram Os Deuses Astronautas? (1968) em canções como “Errare Humanum Est” e “Hermes Trismegisto e sua Celeste Tábua de Esmeralda”. “O Homem da Gravata Florida”, “Menina Mulher da Pele Preta” e “5 Minutos” eram outras grandes canções presentes no álbum, mas que não lidavam com temas semelhantes.
Em 1975, lançou Gil & Jorge: Ogum – Xangô, disco conjunto com o antigo parceiro Gilberto Gil. Um ano depois, veio outro trabalho aclamado pela crítica: África Brasil introduzia Jorge Ben à guitarra com misturas de samba-rock, funk e ritmos africanos que resultaram em músicas como “Ponta De Lança Africano (Umbabarauma)”, “Xica da Silva” e “Meus Filhos, Meu Tesouro”.
Nessa onda, veio a trilogia Tropical (1977), A Banda do Zé Pretinho (1978) e Salve Simpatia(1979), que traziam antigas canções repaginadas e visavam mais o mercado norte-americano, não sendo bem recebidos pela crítica. Nos anos 80, ele lançou canções como “Olha a Pipa”, “Santa Clara Clareou” e “Cowboy Jorge”, entre outras. A década de 90 foi pouco prolífica para Ben, que lançou apenas dois discos, 23 (1992) e Homo Sapiens (1995). “Engenho de Dentro” e “Gostosa” estão entre os maiores sucessos dessa fase.
Em 2002, Ben Jor voltou a lançar novos trabalhos com Acústico MTV, que trazia novas versões para antigos clássico. O ano de 2004 marcou o retorno das composições inéditas em Reactivus Amor Est - Turba Philosophorum, quase dez anos após seu último disco. Três anos depois, ele lançou Recuerdos de Asunción 443, um apanhado geral de canções não lançadas e uma composta especialmente para o álbum, “Emo”.
Embora seus últimos trabalhos não tenham tido a mesma aclamação de seus clássicos, Jorge Ben Jor é detentor de tantas músicas eternas que não precisaria compor outra canção sequer: ele já tem cravado o nome na "tábua de esmeralda" da música brasileira, e sempre será visto como um artista único, precursor e visionário. Se você for hoje a um show de Ben Jor, verá um público jovem, que dança maravilhado ao ritmo singular criado pelo músico. A obra dele passa de geração em geração, sem envelhecer nem um minuto. E isso é para os mestres.

8 de mar. de 2012

Dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher

Olá!!

Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Data aprovada na Dinamarca em uma conferência em 1910 e pela Organização das Nações Unidas - ONU em 1975. 

Vale ressaltar que o dia de hoje não é só festivo. É também de debates e aprofundamento das reflexões acerca de temas que dizem respeito às mulheres, tais como preconceito, violência masculina e um tão presente na vida da mulher moderna: os salários menores do que os dos homens.

Daí, fica a homenagem do #paratocarnoradio a todas as mulheres e principalmente a todas as leitoras do blog.

Parabéns e obrigado por existirem!

A música escolhida é bem simples mas vai de acordo com uma das propostas do blog que é a de valorizar a nossa música. Essa, além de ser uma famosa, se destaca por ter uma letra e que exalta a mulher brasileira.

Nome: Mulher Brasileira
Compositor: Benito di Paula
Vídeo:



Letra: 

Agora chegou a vez, vou cantar
Mulher brasileira em primeiro lugar

Agora chegou a vez, vou cantar

Mulher brasileira em primeiro lugar

Norte a sul do meu Brasil

Caminha sambando quem não viu

Mulher de verdade, sim, senhor

Mulher brasileira é feita de amor





Abraços!

5 de mar. de 2012

Há 125 anos nascia Heitor Villa-Lobos!


Olá leitores!

A proposta inicial que eu tenho para o blog é fazer uma viagem pela história da nossa música, pegando desde o que podemos chamar de seu início até chegar os dias atuais. Desta forma, cada um de nós poderá aprender um pouco mais sobre esse universo que nos cerca e de acordo com cada gosto, aprofundar o conhecimento sobre a música brasileira.

Como vocês podem ter notado até agora,  a nossa música é caracterizada por ter influências de diferentes partes do mundo e pela aceitação e pré disposição para fazer experimentações.


Nessa nossa viagem, já falei sobre o seu início, do século XVI ao XIX, a História do Carnaval, o Choro e o nascimento do samba e por último a Era do Rádio. A próxima eu já informo de uma vez qual será: Bossa Nova.

Mas, para quebrar o clima um pouco, eu lanço uma das novidades que eu fiquei de anunciar. A partir de agora, comentarei a respeito de cantores, bandas e compositores brasileiros. Este espaço será chamado de Galeria dos Imortais. 


Para estrear com chave de ouro, apresento um pouco do brasileiro que não teve medo de inventar e unir culturas através da música: Heitor Villa-Lobos.



Quem foi ele?

Ao 5° dia do mês de março de 1887, nascia o filho de Noêmia Villa-Lobos e de Raul Villa-Lobos. Batizado como Heitor Villa-Lobos, teve desde criança uma boa influência musical, pois seu pai era músico amador. 

Com o pai músico, a presença de músicos em sua residência foi comum desde a sua infância, o que facilitou ainda mais o seu contato e interesse por ela.

Entre as influências que recebeu quando criança uma foi determinante para a sua carreira, J.S.Bach. Mais tarde, essa influência o inspirou a compor as nove Bachianas Brasileiras. 

Durante a sua infância outro fato marcante mudou para sempre a sua vida, a mudança da sua família para Minas Gerais, o que facilitou que ele tivesse contato com a música de origem africana e com a música sertaneja.

Em 1903 tornou-se violoncelista de uma orquestra profissional que se apresentava em hotéis e restaurantes. Assim, começou a ter o seu próprio dinheiro e entre os seus 18 e 26 anos pode viajar o Brasil conhecendo várias regiões com culturas e influências diferentes, a fim de pesquisar a música regional. Entre essas regiões, as que mais despertaram o seu interesse foram a Norte e Nordeste.

Essa aproximação com o regionalismo nacional o tornou um músico brasileiro de fato e em 1915, ele começou a apresentar as suas composições em concertos no Rio de Janeiro. Infelizmente, a sociedade brasileira que era conservadora, não recebeu com bons olhos essa novidade e teceu fortes críticas ao compositor. Mas, com todo o talento que tinha, não havia sociedade retrógada que iria ofuscá-lo. Aos poucos a crítica foi entendendo a sua proposta como músico e passando a elogiá-lo mais.

Já em 1922 com a Semana de Arte Moderna em São Paulo, Villa-Lobos pode finalmente cair nas graças do público e daí em diante, começar a ser ainda mais brilhante. Pouco tempo depois ele já estava na Europa se apresentando e tendo a sua obra tocada por importantes orquestras.

De 22 em diante, ficou alternando entre Brasil e Europa. Em 1931, morando novamente no Brasil, trouxe um plano de Educação Musical que ele vinha preparando e apresentou à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. O plano era tão bom que foi aprovado sem dificuldades e a partir daí ele voltou a morar no país, mas agora com uma nova missão, a de Educador Musical. Colaborou com o desenvolvimento da educação musical no Brasil durante vários anos e contando com a carta branca do Presidente Vargas organizou concentrações orfeônicas que chegaram a contar com mais de 40000 alunos sobre sua regência.

Em 1942 fundou o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico e em 1945 a Academia Brasileira de Música.

Em 1944 aceitou o convite do Maestro norte-americano Werner Janssen e embarcou para uma tournê nos Estados Unidos. Ficou, daí em diante vivendo entre Brasil e EUA, recebendo títulos e condecorações, compondo, regendo e marcando de vez o seu nome na história da música mundial. Premiando-o como o compositor brasileiro mais famoso de todos os tempos.

No dia 17 de novembro de 1959, faleceu no Rio de Janeiro, vitima de um câncer.

Considerações finais: O pouco que conheço sobre Villa-Lobos é através de uns Lp's que tenho em minha casa e também pelo contato que tenho com a violão, seja através do meu tio João Bosco Reis ou então o meu professor de violão, Thiago, que sempre tocam um de seus prelúdios.

Espero que aqueles que não conheciam esse mínimo sobre o Maestro, possam se interessar mais e quem sabe em um futuro próximo, utilizar este espaço para debates e publicações de artigos mais aprofundados.

Extra:

Crônica do Carlos Drummond de Andrade, feita quando Villa-Lobos nos deixou:

"Era um espetáculo. Tinha algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas; caía depois sobre a cidade para bater contra as vidraças, abri-las ou despedaçá-las, espalhando-se pelas casas, derrubando tudo; quando parecia chegado ao fim do mundo, ia abrandando, convertia-se em brisa vesperal, cheia de doçura. Só então se percebia que era música, sempre fora música.

Assim é que eu vejo Heitor Villa-Lobos na minha saudade que está apenas começando, ao saber de sua morte, mas que não altera a visão antiga e constante.

Quem o viu um dia comandando o coro de quarenta mil vozes adolescentes, no estádio do Vasco da Gama, não pode esquecê-lo nunca. Era a fúria organizando-se em ritmo, tornando-se melodia e criando a comunhão mais generosa, ardente e purificadora que seria possível conceber.

A multidão em torno vivia uma emoção brasileira e cósmica, estávamos tão unidos uns aos outros, tão participantes e ao mesmo tempo tão individualizados e ricos de nós mesmos, na plenitude de nossa capacidade sensorial, era tão belo e esmagador, que para muitos não havia outro jeito senão chorar, chorar de pura alegria.

Através da cortina de lágrimas, desenhava-se a nevoenta figura do maestro, que captara a essência musical de nosso povo, índios, negros, trabalhadores do eito, caboclos, seresteiros de arrabalde; que lhe juntara ecos e rumores de rios, encostas, grutas, lavouras, jogos infantis, assovios e risadas de capetas folclóricos"



É isso, até a próxima!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...